Área metropolitana de Lisboa

Cenário Base

Segundo o Inquérito à Mobilidade (IMob 2018) realizado em 2017 pelo INE, as viagens dentro da área metropolitana de Lisboa têm as seguintes características:

Das cerca de 5.3 milhões de viagens diárias na área metropolitana de Lisboa, apenas 0.5% das viagens são realizadas em bicicleta (25 479). 3.1 milhões são feitas em automóvel (58.4%), 1.3 milhões a pé (23.9%), 825mil em Transportes Públicos (15.5%) e 96mil em outros modos (1.8%).

A figura seguinte mostra a proporção de viagens que é realizada com origem e destino no mesmo município (3.5 milhões viagens), e as viagens com origem e destino em municípios diferentes (1.8 milhões viagens). Como se pode observar, para todos os municípios, a maioria das viagens realizadas é intra municipal, embora as viagens intermunicipais sejam bastante expressivas, principalmente em municípios como Odivelas, Oeiras, Amadora e Loures.

As metas da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável 2020-2030 (ENMAC) estabelecem que dentro dos centros urbanos 4% das viagens devem ser realizadas em bicicleta até 2025, e 10% até 2030, e que as mesmas devem ser transferidas de viagens atualmente realizadas em automóvel. Partindo do número de viagens realizadas em bicicleta em 2018 (cenário de referência, ou cenário base), é possível estimar o número de viagens com potencial para serem transferidas do automóvel para a bicicleta para cada cenário aqui avaliado.

O gráfico seguinte mostra o potencial de viagens a serem realizadas em bicicleta diariamente, por gama de distâncias de viagem, e para os cenários avaliados.

As linhas a tracejado representam os valores comulativos de número de viagens em bicicleta por dia do IMob, para cada distância. Como se pode observar, o maior potencial de viagens em bicicleta situa-se em viagens até 10 km, sendo que os primeiros 5 km são muito expressivos, e os ganhos potenciais após os 10 km são residuais.

Porque é que não ha viagens com mais de 12 km no cenário intermodal? Esta limitação tem a ver com a forma como foram estimadas as viagens passíveis de serem realizadas em bicicleta nos vários cenários, em que no cenário intermodal considerámos uma duração máxima razoável de 2 horas. A soma das distâncias e durações da primeira e última milha (“em cima de uma bicicleta”) nessas viagens não ultrapassa os 12 km.

Rede ciclável potencial

Os mapas seguintes mostram as ligações cicláveis com maior potencial, para o cenário base (viagens do IMob 2018), para 4% de viagens em bicicleta (meta ENMAC 2025), e para 10% de viagens em bicicleta (meta ENMAC 2030), transferidas diretamente de viagens em automóvel.

Cada mapa refere-se a cada uma das 3 estimativas:

  • viagens até 5 km com ligação em bicicleta (2 521 688 viagens na área metropolitana de Lisboa)
  • viagens até 10 km com ligação em bicicleta elétrica (3 975 986 viagens na área metropolitana de Lisboa)
  • viagens até 5 km em bicicleta até ou desde uma interface de transportes (1 001 761 viagens na área metropolitana de Lisboa)
Como ler estes mapas?

Os mapas apresentam a informação gráfica para duas redes - a rede ciclável para viagens mais diretas, e a rede para viagens mais seguras e tranquilas (conforme a rede viária existente).
A largura das linhas varia consoante o número de ciclistas potencial para cada um dos cenários (4% e 10% de ciclistas), e essa informação é visível ao passar com o rato em cima da linha.
A cor das linhas varia com o nível de tranquilidade (quietness), sendo as mais escuras aquelas menos seguras para circular em bicicleta - indicando com maior clareza quais os segmentos que necessitam de intervenção para se tornarem mais seguros e potencialmente trazerem mais ciclistas: os mais escuros e mais largos.

Ao clicar em cada linha, uma janela abre-se com mais informação sobre as viagens estimadas que podem passar por aquele segmento, incluindo os benefícios sociais e ambientais estimados, e as características físicas daquele segmento.

É possível ver mais do que uma opção de rota em simultâneo (direta / segura), por exemplo para comparar alternativas, e níveis de potencial ciclável, estabelecidos pela Estratégia Nacional de Mobilidade Ativa Ciclável (ENMAC), em 4 e 10% nos centros urbanos, transferidos de viagens em automóvel.

Até 5 km

Este mapa apresenta os segmentos com mais de 100 viagens potenciais em bicicleta. Para um maior ou menor detalhe da rede, ver a secção de Downloads.

Mapa AML cenário 1

Ver o mapa em ecrã inteiro.

Até 10 km (e-bike)

Este mapa mostra os segmentos com mais de 200 viagens potenciais em bicicleta elétrica. Para um maior ou menor detalhe da rede, ver a secção de Downloads.

Mapa AML cenário 2

Ver o mapa em ecrã inteiro.

Até 5 km intermodal

Este mapa mostra os segmentos com mais de 50 viagens potenciais em bicicleta, em que parte da viagem é realizada em transportes públicos (barco, comboio, metro sul do Tejo, ou Carris Metropolitana). Os segmentos deste mapa dizem respeito apenas à parte da viagem que é realizada em bicicleta, num total de até 5 km no conjunto da primeira e última etapa da viagem intermodal. Para um maior ou menor detalhe da rede, ver a secção de Downloads.

Ver mapa em ecrã inteiro.

Resumo

A tabela mostra o potencial ciclável na área metropolitana de Lisboa em número de novas viagens em bicicleta potenciais diárias, para cada meta da Estratégia Nacional ENMAC (4% e 10%), para cada um dos três cenários, e para cada tipo de rotas otimizadas.

Para cada um destes cenários, é possível ver também de forma agregada qual o benefício potencial estimado, em toneladas de CO2eq evitado anualmente, e em benefícios sociais.

Como são estimados os benefícios sociais e ambientais?

Os benefícios potenciais são estimados em duas vertentes, utilizando os métodos e a ferramenta HEAT for Cycling, da Organização Mundial de Saúde.

A componente ambiental é medida em toneladas de CO2eq evitado, por transferência de viagens equivalentes em automóvel, com a mesma origem e destino, mas não necessariamente com o mesmo percurso.

Os impactes sociais agregados, na componente da saúde, são estimados em termos de redução/aumento da mortalidade por aumento de atividade física, por exposição à poluição atmosférica, e por exposição ao risco de sinistralidade rodoviária.
Este valor é por fim monetizado utilizando o Valor Estatístico da Vida (€3.055.358, segundo ANSR 2021), estimado para 10 anos, com uma taxa de desconto de 5% e inflação de 3%.

Na área metropolitana de Lisboa, a meta de 4% de ciclistas diários equivale a ter 141 mil ciclistas em viagens até 10 km, com uma redução potencial de 25 mil toneladas de CO2eq por ter menos viagens em automóvel na mesma razão, com potenciais benefícios para a sociedade de 950 milhões € ao fim de 10 anos.

Já a meta de 10% de ciclistas diários equivale a ter 378 mil ciclistas em viagens até 10 km, com uma redução potencial de 65 mil toneladas de CO2eq por ter menos viagens em automóvel na mesma razão, com potenciais benefícios para a sociedade de 2.5 mil milhões € ao fim de 10 anos.

Relativamente ao cenário 3, de transferência modal de viagens em automóvel que são passíveis de serem realizadas em intermodalidade entre bicicleta + transportes públicos, e cuja distância em bicicleta não é superior a 5km no total da primeira e última parte da viagem, a tabela seguinte mostra o potencial de transferência estimado para cada modo de transporte público, bem como as estimativas de consumo de CO2eq evitado anualmente por transferência do automóvel, considerando também o consumo dos transportes públicos, no cômputo dessas viagens.

Estes resultados indicam que a transferência da viagem em automóvel para bicicleta + transportes públicos, dentro dos critérios considerados (max 5 km em bicicleta na soma da primeira e última milha, e sem transferências de modo ou linha), poderá ter benefícios potenciais estimados entre 1.4 e 3.5 milhões de €.

Neste cenário, 190mil a 224mil viagens podem ser substituídas do automóvel para Bicicleta + Transportes Públicos.

O modo com maior potencial de transferência modal, em complemento com a bicicleta, é o comboio, com 198 mil viagens

Downloads

Os mapas acima estão disponíveis para download, em formato GeoPackage (.gpkg), que pode ser lido em qualquer SIG moderno. É recomendável o software de acesso livre QGIS para leitura, visualização e análise de dados em detalhe.

  1. Viagens até 5 km em bicicleta
  1. Viagens até 10 km em bicicleta elétrica
  1. Viagens intermodais até 5 km em bicicleta

🔎 A rede disponibilizada poderá não corresponder à que é apresentada nos mapas acima, que mostram apenas os segmentos com mais de X viagens potenciais em bicicleta. Para visualizar os segmentos dependendo do número de viagens potenciais, utilizar os filtros do SIG, por exemplo, para visualizar só os segmentos com mais de 500 viagens, ou todos os segmentos com mais de 10 viagens em bicicleta.

Rede ciclável existente e prevista

É também disponibilizado um mapa da rede ciclável existente e prevista na AML em Julho 2022, e os seus ficheiros para transferência: