O que mostra este mapa?
Este mapa mostra a percentagem de viagens que são realizadas em
bicicleta com origem em cada município, em escala de cor.
Seleccionado outras camadas, é possível visualizar a rede ciclável
existente e planeada, à data de 2022.
Em que consistem os cenários, metas, e tipos de percurso utilizados nesta modelação?
As características das viagens Inquérito à Mobilidade realizado em 2017/2018 (IMob 2018) constituem o cenário base deste projeto. Apesar de ter sido realizado em período pré-pandemia, este conjunto de dados é a melhor e mais recente informação que temos em termos de mobilidade urbana nas áreas metropolitanas.
Na área metropolitana de Lisboa são realizadas diariamente cerca de 5.3 milhões de viagens, em vários modos. O número de viagens em bicicleta é de cerca de 25 mil viagens/dia.
Este é o cenário base, ou de referência, utilizado apenas para comparação com os cenários seguintes - de onde advém o potencial ciclável.
Este cenário inclui todas as viagens que podem ser realizadas por bicicleta entre freguesias, até 5 km. Inclui também viagens que utilizam o transporte fluvial (barcos) para unir ambas as margens, embora esse troço não seja considerado no total dos 5km.
Considera-se este um cenário conservador, por ter em
conta apenas viagens inferiores a 5 km (“em cima de uma
bicicleta”).
Para uma primeira abordagem de captação de transferência modal, este
cenário é o mais realista.
Este cenário inclui todas as viagens que podem ser realizadas por bicicleta entre freguesias, até 10 km - considerando para tal que os ciclistas poderão utilizar uma bicicleta elétrica. Inclui também viagens que utilizam o transporte fluvial (barcos) para unir ambas as margens, embora esse troço não seja considerado no total dos 10km.
Este abrange uma maior gama de utilizadores, e tem em consideração eventuais políticas de incentivo à aquisição de bicicletas elétricas.
Este cenário inclui todas as viagens que podem ser realizadas em
transportes públicos, cuja primeira e última milha da viagem
podem ser feitas em bicicleta, entre freguesias até uma extensão total
de 5 km - por exemplo: 1 km de bicicleta até ao interface A, e 4 km de
bicicleta entre o interface B e o destino.
Como transportes públicos, são considerados o comboio, barco, metro sul
do Tejo, e algumas carreiras da Carris Metropolitana - em que é possível
transportar uma bicicleta de forma prática. De uma forma conservadora,
assumimos também que não são possíveis transferências entre transportes
ou entre linhas/carreiras.
Este valoriza a utilização da bicicleta como complemento ao transporte público.
Estes cenários partem do pressuposto que o número de viagens realizadas se mantém constante ao longo dos anos, fazendo-se apenas variar o seu modo de transporte.
As metas são as estabelecidas pela Estratégia Nacional de Mobilidade Ativa Ciclável 2020-2030 (ENMAC).
Em 2025, 4% das viagens em meio urbano deverão ser realizadas em bicicleta, resultando exclusivamente da redução da utilização do transporte automóvel privado.
Em 2030, 10% das viagens em meio urbano deverão ser realizadas em bicicleta, resultando exclusivamente da redução da utilização do transporte automóvel privado.
A identificação dos percursos entre as origens e destinos (para as linhas de desejo, ligando Freguesias da AML) são um aspeto fundamental da modelação da rede ciclável nesta metodologia, uma vez que o IMob não identifica os percursos realizados por cada viagem, sendo necessário estimá-los.
A modelação dos percursos cicláveis depende das variáveis consideradas, assim como das restrições pré-definidas. Estas restrições podem privilegiar aspetos como velocidade e volumes baixos, rotas mais diretas, percursos menos declivosos, entre outros, adequados à utilização da bicicleta, sendo que o algoritmo segue uma avaliação que resulta da ponderação das variáveis consideradas. Mesmo o percurso menos declivoso, mas com maior volume de tráfego, poderá ser o indicado se a função assim o definir.
O algoritmo de escolha de percursos utilizado foi o r5r, que é muito flexível nas configurações de tipo de percursos estimados, nomeadamente por permitir estimar com probabilidade e incerteza os percursos que usam transportes públicos (considerando os seus horários).
O r5r facilita a identificação de percursos mais diretos ou mais seguros, recorrendo para isso ao nível de stress de tráfego (Level of Traffic Stress, ou LTS). Este varia de 1 a 4, sendo o 1 mais tranquilo - correspondendo, por exemplo, a pistas cicláveis fora de estrada, e o 4 menos tranquilo - correspondendo, por exemplo, a percursos partilhados com o tráfego motorizado.
Os percursos diretos foram estimados usando como nível de stress máximo permitido o LTS 4.
Os percursos seguros foram estimados usando como nível de stress
máximo permitido o LTS 3.
Por vezes não é possível encontrar um caminho de bicicleta com estas
características (ente a origem e o destino), e daí o número de viagens
estimadas poder ser menor para este tipo de percursos.
O nível de tranquilidade (ou quietness) é
outro indicador, e é estimado para cada troço com base no número de
vias, velocidade máxima permitida, arborização, hierarquia e tráfego
(quando a informação correspondente existe nas etiquetas do
OpenStreetMap).
Este indicador, desenvolvido pelo Cyclestreets, é apresentado numa escala de 0 a 100,
em que o zero corresponde ao nível menos seguro para se circular de
bicicleta, e o 100 ao nível mais seguro e tranquilo - normalmente
correspondendo a troços que incluem já infraestrutura ciclável segregada
do tráfego motorizado.
Chama-se a atenção que o percurso seguro não é necessariamente “seguro” para circular em bicicleta nas condições atuais. É o caminho mais seguro, recomendado pelo algoritmo de escolha de percursos.
Ver página com detalhes, mapas e mais resultados para a área metropolitana de Lisboa em AML
A área metropolitana de Lisboa tem uma população de 2 870 770 habitantes, segundo os Censos 2021. Diariamente são realizadas 5.33 milhões de viagens, em vários modos de transporte, das quais apenas 25 479 são realizadas em bicicleta (0.5%).
A tabela seguinte informa sobre o potencial ciclável em cada cenário considerado neste estudo, para ligações entre freguesias, realizáveis em bicicleta, e para percursos preferencialmente diretos.
Para todos os detalhes sobre estes resultados, ver a página da área metropolitana de Lisboa
A tabela informa sobre o potencial ciclável em cada cenário considerado neste estudo, para ligações entre freguesias, realizáveis em bicicleta, e para percursos preferencialmente diretos.
Para um maior detalhe sobre os resultados de cada município, consultar a página individual, carregando no link do município, na tabela seguinte.
Nota 1: Os valores de população são os constantes nos resultados provisórios dos Censos 2021. A diferença para os resultados definitivos é de menos de 0.02% - cerca de 500 indivíduos.
Nota 2: Para alguns municípios não é possível estimar viagens intermodais com recurso à bicicleta, para os critérios mínimos definidos (valores em branco).
Vídeos auxiliares sobre a metodologia adotada no biclaR, e sobre como se usa esta ferramenta.
(comming soon!)
Perguntas e respostas simplificadas.
Ver o relatório metodológico para mais detalhes sobre os
métodos e funcionamento desta ferramenta.
O biclaR é uma ferramenta online que informa os decisores sobre o planeamento e investimentos em infraestrutura ciclável, de modo a atingir as metas da Estratégia Nacional de Mobilidade Ativa Ciclável 2020-2030 (ENMAC), que definem que até 2025 4% das viagens realizadas em meio urbano deverão ser feitas em bicicleta, e 10% até 2030 - sendo as mesmas transferidas de viagens atualmente realizadas em automóvel.
Pretende-se que esta ferramenta informe os decisores, em comparação com o cenário atual de utilização de bicicleta (IMob 2018), sobre:
Não. Como explicado na questão anterior, o biclaR identifica quais as ligações prioritárias a estabelecer entre pares origem-destino numa determinada geografia por forma a acomodar a transferência de viagens em modos motorizados para a bicicleta. Para tal são definidos cenários e pressupostos para essa transferência potencial.
Um estudo de procura implicaria uma estimativa da probabilidade de transferência dos modos motorizados para a bicicleta, não sendo esse o objectivo deste projeto.
Os mapas apresentam a informação gráfica para duas redes - a rede
ciclável para viagens mais diretas, e a rede para viagens mais seguras e
tranquilas (conforme a rede viária existente).
A largura das linhas varia consoante o número de ciclistas potencial
para cada um dos cenários (4% e 10% de ciclistas), e essa informação é
visível ao passar com o rato em cima da linha.
A cor das linhas varia com o nível de tranquilidade (quietness), sendo as mais escuras aquelas
menos seguras para circular em bicicleta - indicando com maior clareza
quais os segmentos que necessitam de intervenção para se tornarem mais
seguros e potencialmente trazerem mais ciclistas: os mais
escuros e mais largos.
Ao clicar em cada linha, uma janela abre-se com mais informação sobre as viagens estimadas que podem passar por aquele segmento, incluindo os benefícios sociais e ambientais estimados, e as características físicas daquele segmento.
É possível ver mais do que uma opção de rota em simultâneo (direta / segura). Por exemplo, podem-se comparar alternativas e cenários de transferência de 4% e 10% das viagens em automóvel privado para a bicicleta, nos centros urbanos, tal como estabelecido pela Estratégia Nacional de Mobilidade Ativa Ciclável (ENMAC).
É possível fazê-lo de várias formas. Uma delas é abrindo o mapa em ecrã inteiro (existe um link em baixo de cada mapa que o permite fazer), e lá irá encontrar mais duas camadas de informação: a rede planeada, e a rede existente dedicada - i.e., ciclovias e pistas cicláveis existentes. Esta opção está disponível nas páginas individuais de cada Município.
Outra forma é utilizando um SIG, e descarregando os mapas dos resultados e da rede planeada e existente, que se encontra na secção de Downloads na página da AML.
Atenção que, dependendo do cenário que estamos a analisar, a rede potencial pode cobrir maior ou menor parte da rede planeada por cada Município, sendo que valerá a pena confrontar os resultados dos vários cenários. Uma vez que a rede potencial visível no site tem um mínimo de viagens por segmento, recomenda-se que uma comparação mais fina seja feita em SIG com as camadas de rede potencial completas (ver restantes FAQ).
Sim! Na secção de downloads de cada página individual dos municípios, ou de toda a AML.
Estes mapas estão disponíveis em formato GeoPackage (.gpkg), que pode ser ligo em qualquer SIG moderno. É recomendável o software de acesso livre QGIS para leitura, visualização e análise de dados em detalhe.
A rede disponibilizada poderá não corresponder à que é apresentada
nos mapas, que mostram apenas os segmentos com uma quantidade mínima de
viagens potenciais em bicicleta no cenário de 4%. Disponibilizamos a
rede com maior detalhe possível para todos os cenários, com um mínimo de
15 viagens/segmento no cenário 1, 50
viagens/segmento no cenário 2, e 10 viagens/segmento no
cenário 3.
Poderíamos disponibilizar a rede sem qualquer mínimo, mas em termos de
planeamento de infraestruturas cicláveis, consideramos que é mais útil
informar sobre aquelas com maior potencial de transferência modal.
Para visualizar os segmentos dependendo do número de viagens potenciais: utilizar os filtros do SIG, por exemplo, para visualizar só os segmentos com mais de 500 viagens, ou todos os segmentos com mais de 10 viagens em bicicleta.
Sim, tal como descrito na questão anterior, para visualizar os segmentos dependendo do número de viagens potenciais: utilizar os filtros do SIG, por exemplo, para visualizar só os segmentos com mais de 500 viagens. Quanto maior for o número mínimo de viagens a visualizar, mais importante ou prioritária é a rede (em termos de potencial de viagens transferidas do automóvel).
Mas atenção que convém olhar também para os níveis de tranquilidade dos segmentos, cruzanto ambas as informações para encontrar a rede prioritária: aquela com maior potencial de tranferência & aquela que é atualmente menos segura para circular em bicicleta.
O nível de tranquilidade é estimado numa escala de 0 a 100 (em que o 100 é o nível mais tranquilo), e é definido pelo CycleStreets (ver quietness).
Os caminhos fora de estrada, por exemplo em parques e jardins, têm o nível máximo de tranquilidade. Ruas calmas e com infrastrutura ciclável terão um nível ligeiramente inferior, e ruas principais com muito tráfego terão níveis muito baixos de tranquilidade.
Não. Os mapas mostram sugestões de percursos, mais diretos ou mais seguros, entre freguesias. Poderá haver outras soluções a ter em conta, como por exemplo a construção de uma ponte ou de uma passagem inferior, a abertura de um caminho inexistente por um jardim, etc.
Para cada contexto poderão ser tomadas decisões e escolhidas soluções de entre uma variada panóplia. Recomendamos a consulta dos mais recentes manuais internacionais para ajudar a decidir sobre o tipo de solução escolhida.
Deverá localizar esse segmento da rede viária nos mapas que identificam as ligações prioritárias e percursos para os vários cenários que pretende analisar, e verificar se foi selecionado nessa rede, ou se é uma boa alternativa (próxima) a uma das ligações identificadas.
Poderá avaliar igualmente qual o potencial de transferência que oferece, se se trata de uma ligação mais segura ou mais direta, e que impactes potenciais se pode esperar, designadamente em termos de impactes sociais e ambientais.
Apesar de ter sido estimada rede ciclável potencial no cenário 3 - intermodalidade até 5km, em alguns municípios, o processo de limpeza da rede resulta em que não surja uma rede (ou segmentos) com um mínimo potencial de transferência modal nos seus territórios. São eles os municípios de Alcochete, Mafra, Montijo e Odivelas.
Isto deve-se a:
Nalguns casos, é no entanto possível ver a rede com critérios abaixo do mínimo de viagens por segmento definidos para efeito de visualização, fazendo download do SIG para a AML e visualizando toda a rede estimada para o cenário 3.
Em todo o caso, é possível estimar cenários menos conservadores de intermodalidade (por exemplo com viagens até 7.5 km), em que essas redes cicláveis potenciais tenham um mínimo razoável de X viagens por segmento.
Os benefícios potenciais são estimados em duas vertentes, utilizando os métodos e a ferramenta HEAT for Cycling, da Organização Mundial de Saúde.
A componente ambiental é medida em toneladas de CO2eq evitado, por transferência de viagens equivalentes em automóvel, com a mesma origem e destino, mas não necessariamente com o mesmo percurso.
Os impactes sociais agregados, na componente da saúde, são estimados
em termos de redução/aumento da mortalidade por aumento de atividade
física, por exposição à poluição atomosférica, e por exposição ao risco
de sinistralidade rodoviária.
Este valor é, por fim, monetizado utilizando o Valor Estatístico da
Vida (€3.055.358, segundo ANSR 2021), estimado para 10 anos, com uma taxa de
desconto de 5% e inflação de 3%.
Claro!
Este é um dos pontos-chave deste projeto: a sua reprodutibilidade, transparência, e adaptação para outros contextos ou novos cenários.
Todo o código utilizado está disponível no repositório de dados abertos criado com este projeto, em github.com/U-Shift/biclar.
Tendo dados de viagens para caracterizar o cenário base (ou dados simulados), e mais alguns necessários dependendo dos cenários a considerar, é possível sim.
Sim, ver a resposta à questão anterior.
Sugerimos começar por fazer download do projeto e
scripts utilizados, carregando em Code e Download
ZIP. Alguns dados estão disponíveis na parte de Releases. Sendo um utilizador GitHub, é
também possível simplesmente fazer um Fork ao projeto para a sua conta.
A partir daí, e tendo algumas noções de R, é possível adaptar o
código para criar outros cenários.
Se considerar que o novo cenário desenvolvido deveria também constar nesta ferramenta, é possível fazer um pull request, e a equipa biclaR irá avaliar os contributos e decidir sobre a sua integração. Esta é a beleza do código-aberto e da colaboração 🙂.
Ver o relatório metodológico para mais detalhes sobre o funcionamento desta ferramenta.
O biclaR é uma ferramenta online que informa os decisores sobre o planeamento e investimentos em infraestrutura ciclável, de modo a atingir as metas da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Ciclável 2020-2030 (ENMAC).
Pretende-se que esta ferramenta informe os decisores, em comparação com o cenário atual de utilização de bicicleta (IMob 2018), sobre:
É também possível saber a informação agregada por município ou para toda a AML, para cada cenário escolhido, sobre todos os valores acima descritos.
Coordenação: TML - Transportes Metropolitanos de Lisboa, E.M.T., S.A. - António Sérgio Manso Pinheiro (Diretor do Departamento de Estudos e Projetos), Catarina Tavares Marcelino (Coordenadora), Camila Garcia, Conceição Bandarrinha, Luísa Nogueira, Pedro Machado.
Desenvolvimento: Instituto Superior Técnico - Universidade de Lisboa - Filipe Moura, Rosa Félix.
Apoio ao desenvolvimento: Institute for Transport Studies - University of Leeds - Robin Lovelace.
Forma sugerida de citação:
Félix, R., Lovelace, R., Moura, F. (2022). biclaR: Ferramenta de apoio ao planeamento da rede ciclável na área metropolitana de Lisboa. CERIS - Instituto Superior Técnico e Transportes Metropolitanos de Lisboa. biclar.tmlmobilidade.pt. Lisboa, Dezembro.
Para reportar algum problema com a ferramenta, ou colocar questões, pode abrir um issue no nosso repositório de dados abertos.
Para qualquer esclarecimento adicional, por favor enviar um email para info @tmlmobilidade.pt com o assunto biclaR.
Este website foi atualizado pela última vez a 2023-09-26, pelas 14:25.